#stophateforprofit: Vêm aí mudanças no algoritmo do Facebook

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Se ainda não ouviu falar do movimento #stophateforprofit, perceba, então, do que se trata.

Mais de 150 grandes – muito grandes – empresas uniram-se e declararam que vão deixar de investir em publicidade no Facebook. Algumas durante um mês, outras mais e muitas apenas em publicidade nos Estados Unidos. Outras, estenderam a acção até ao Twitter! Na lista de empresas (grandes – muito grandes) que aderiram ao #stophateforprofit constam nomes como Coca-Cola, Starbucks, Unilever (responsável por marcas como a Dove, Lipton, Ben & Jerry’s, entre outras.

Consequências

Entre o dinheiro perdido em publicidade (que é muito e significativo), ao mediatismo das marcas, o caos está instalado. Afinal, em cerca de dois dias a empresa de já perdeu qualquer coisinha como 60 mil milhões de dólares em valor de mercado.

Em 2019, o Facebook superou os 106 mil milhões de dólares em receitas publicitarias. Juntamente com o Google, ambos dominam mais de 80% do mercado publicitário online do mundo!

E Zuckerberg deixou de estar no top 3 da Bloomberg dos homens mais ricos do mundo. Agora é “só” o quarto.

O que é o #stophateforprofit?

Em inglês, poderíamos traduzir para qualquer coisa como “parem o ódio pelo lucro”. Nesse sentido, o objetivo é pressionar o CEO da empresa, Mark Zuckerberg , a agir contra a forma como o algoritmo do Facebook funciona.

Obviamente que sem ser o senhor Mark Zuckerberg ninguém sabe ao certo como funciona o algoritmo do Facebook. Aliás, nos últimos tempos as mudanças no algoritmo do Facebook têm sido muitas e afectados várias marcas. Contudo, entre fake news e o aumento dos discursos de ódio – nas redes e não só – muitos acreditam que o algoritmo parece privilegiar o que está relacionado com polémica e controversia. E, convenhamos, os próprios meios de comunicação (dos jornais à TV, passando por portais online) vão cada vez mais nesse sentido. Basta pensarmos nas noticias cada vez mais sensacionalistas aos famosos títulos e imagens clickbaits.

Quanto mais controversia as noticias geram, maior a interacção. Ou seja: mais gente a comentar e a partilha. Logo, mais tempo os utilizadores passam no Facebook.

Embora ninguém – do Facebook aos medias e às próprias marcas e, obviamente, aos próprios utilizadores – seja inocente, muitos defendem que compete ao Facebook fazer mais. Seja no que toca à moderação de conteúdo, seja quanto às noticias que privilegiam. 

Acima de tudo, o #stophateforprofit é uma campanha pela ética e contra ao espirito do lucro pelo lucro – também criticado internamente, por muitos funcionarios do Facebook. Além disso, o timming é perfeito. Afinal em novembro são as próximas eleições nos EUA. 

O que se segue?

Enquanto outras marcas se vão juntando à causa, o Facebook já anunciou que vai começar a colocar rótulos nas publicações sobre eleições, que permitirá aos utilizadores visitarem online uma especie de agencia de noticias, onde se pode ver qual a informação efectivamente confirmada. 

Também foi anunciado que anuncios que incluam targets “perigosos” deixaram de ser validados.

Obviamente que para os críticos do Facebook isto não chega. Além disso, as medidas e a maneira como serão executadas são muito pouco transparentes.

Contudo, fica a questão: queremos mesmo o Facebook a brincar aos censores e a dizer-nos – ainda mais – o que é e não é verdade? Falamos da mesma plataforma que cancela contas porque aparecem mamilos de estátuas e deixa passar vídeos de violencia física gratuita, por exemplo.

*Ilustração de André Carrilho

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