Mentiras de Facebook

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Mentiras de Facebook: Quem lucra com elas?

Nada como indignações e mentiras de Facebook, assim como notícias falsas, certo? Afinal, quem lucra com elas? Li há pouco uma notícia no Diário de Notícias sobre a foto acima.

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Na foto podemos ver, uma mulher e uma criança a dormir na rua. Situação que seria mais do que suficiente para nos revoltar a todos. A rua, ainda que não seja reconhecível, é familiar. Poderia ser Lisboa, Coimbra ou outra cidade portuguesa, assim como poderia ser qualquer outro local na Europa e no mundo. Contudo, esta não é uma rua suja, nem pobre. Ironia das ironias, há até um KFC. E claramente, quer as mulher, quer a criança são brancas. Logo, não só há um contexto familiar, como uma proximidade, o que aumenta a indignação – e não, não estou a ser bruta! Isto é algo real, entre um acidente com um português e um acidente com cem chineses, toca-nos mais o primeiro.

Segundo o DN, esta foto foi:

  • Partilhada mais de 35 mil vezes em Portugal, recentemente
  • Em 2017, após o site da Sud, uma rádio francesa, a ter publicado, a imagem foi partilhada mais 90 mil vezes em apenas quatro dias
  • Partilhada também em Itália, na Inglaterra e na Irlanda
  • Segundo o Google Image Reverse Search, a mesma fotografia foi publicada na Indonésia, na Tailândia, na Tunísia e noutros países mais.

Todos se indignaram com as condições precárias em que vivem as pessoas nas suas cidades – “Numa das ruas de (Lisboa?). Uma mãe com a sua criança. Qual é o programa de apoio que tem para eles, Sr. Ministro? ?”, “Homelessness. In every high-street in the UK. What sort of society do we live in. Absolutely disgusting.”, “They are human. Help them!”, etc.

Como é próprio das indignações de Facebook, ninguém se deu ao trabalho de ver se a foto era verdadeira ou não. Ou simplesmente de se dar conta que, por exemplo, na baixa de Lisboa não há KFC. Ou simplesmente de averiguar a história verdadeira: que a francesa da foto, Marie-Sophie, tem dois filhos e que desde Dezembro do ano passado, que vive num T3, que lhe foi disponibzando pelas associações Habitat e Humanisme Bordeaux.

 

Afinal, quem sai a ganhar?

Obviamente que as redes sociais têm muitas coisas boas. A denúncia é um deles. As indignações não me coçam, só lamento que hoje em dia, indignar seja o equivalente a escrever um post de Facebook. Ou seja: nada de fazer mais do que isso. Ir para à rua. Debater. Votar.

A minha questão aqui é quem ganha com as mentiras de Facebook? No final do dia, quem rende com os cliques e com as partilhas. Não basta lutar contra as notícias falsas ou contra as mentiras que o Facebook partilha – até porque o Facebook é a ferramenta, ou seja, quem a utiliza é que tem responsabilidades. Como sempre há que ir ao fundo da questão: isto é: quem sai a ganhar com tudo isto? E mais importante: como responsabilizar os divulgadores de notícias falsas?

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